sábado, 16 de abril de 2011

OMS deve decidir se destrói últimas amostras do vírus da varíola




A varíola é, desde 1980, considerada extinta pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Todas as amostras do vírus foram destruídas, excepto as existentes em dois laboratórios de segurança máxima, na Rússia e nos Estados Unidos da América. Agora, as opiniões dos cientistas dividem-se: se por um lado, uns consideram que se devem manter, para poderem ser usados em novos estudos; por outro, há quem ache que devem ser destruídas por risco de contaminação ou possível uso como arma biológica.


Após sucessivos adiamentos, desde a década de 1990, está previsto que a OMS decida o futuro dos últimos modelos do Orthopoxvirus variolae numa assembleia, que irá decorrer já no próximo mês de Maio. Segundo alguns investigadores, é possível que existam exemplares clandestinos do vírus. Além disso, haveria formas de recuperá-lo em cadáveres congelados, por exemplo.
Em 2007, os EUA e a Rússia, países onde ficam os laboratórios que abrigam as amostras do vírus, usaram a ameaça de possíveis ataques de bioterroristas para convencer a organização a postergar a destruição. Alertam que só com os exemplares do vírus vivo seria possível desenvolver novas vacinas e tratamentos eficazes em caso de uma epidemia provocada por terroristas.

O argumento convenceu os países-membros, mas a pressão para a destruição tem aumentado consideravelmente, com direito a manifestações públicas nesses próprios países. O risco de contaminação acidental em laboratório é, aliás, um dos principais argumentos a favor da destruição das amostras. Na década de 1970, houve um caso de contaminação em Birmingham, no Reino Unido. Embora o episódio tenha causado uma morte, foi contornado.

Responsável por 500 milhões de mortes só no século 20, a varíola foi erradicada com um esforço mundial de vacinação em massa. Com o declínio da doença, os governos interromperam as imunizações e, actualmente, grande parte da população está desprotegida.

Apesar de muitos países, especialmente os EUA, terem em ‘stock’ significativos exemplares da vacina, seria improvável que o vírus fosse controlado com a rapidez de antes. A imunização tem efeitos colaterais sérios e também não pode ser usada em pessoas com baixa imunidade, tais como os transplantes e portadores do HIV, entre outros.

Reportagem retirada de Scientific American, em 12 de Abril de 2011
BIOCISTRON .